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sábado, 2 de maio de 2020

Não há manifestações sem liberdade

Não queremos nesta análise ser sectários mas, sem liberdade plena (direitos e garantias adquiridos), não podem haver manifestações livres – quando muito não autorizadas e, logo, sujeitas a represálias, como acontecia na ditadura salazarista ou marcelista.
Em pleno Estado de Emergência, não foi permitido comemorar o 25 de Abril, apenas a cerimónia na Assembleia da República. Pelo meio toda a polémica que entretanto surgiu, com os partidos da direita e extrema-direita a oporem-se às comemorações na Casa da Democracia, enquanto o centro, esquerda e extrema-esquerda, defendiam a sua realização.
Com as normas definidas pela DGS, lá se realizou a cerimónia, com os recados do Presidente da República bem direccionados.


No dia 1º de Maio realizaram-se em 22 localidades (a cidade de Portalegre incluída) ao longo do país, manifestações de cariz sindical para assinalar o dia do trabalhador. Normas definidas de distanciamento, pedidos da CGTP para que os reformados ficassem em casa, fitas a demarcarem distanciamento e o encerramento na Fonte Luminosa, com o discurso de Isabel Camarinha. Tudo isto ainda em período do estado de emergência.
De várias localidades vieram autocarros com manifestantes. Segundo afirmou Isabel Camarinha, os autocarros traziam 16 passageiros respeitando as regras. A questão que coloco não é cumprir com as regras é, quem suportou a despesa com os autocarros só com 16 passageiros. Multiplicaram-se por quantos? Algo aqui não bate a ‘bota com a perdigota’. Se foi a central sindical a assumir estes custos, fica mais vulnerável quando reclama para os seus associados melhores condições salariais. Porque a ser assim, podia evitando essa suposta despesa, dar uma mãozinha aos seus associados que passam por dificuldades. É como dizia alguém com bastante assertividade “agora não estamos em tempo de equipas, mas sim de selecção”
Perante estes dois factos, sendo que o segundo não teria lugar sem ter acontecido o primeiro, merece-nos uma reflexão tão simples quanto isto: Porque não se comemorou o 25 de Abril com regras como por exemplo, frente às Câmara Municipais (nem que fosse só para o hastear das bandeiras, ouvir o Hino em gravação, sem bandas), com distanciamento e todas as medidas que agora permitiram comemorar o 1º de Maio.
Não acreditamos que os portugueses fazem disto uma troca de valores. Antes do 25 de Abril sempre houve os resistentes, os trabalhadores que, de alguma forma nos seus sindicatos (já os havia, eu comecei a trabalhar aos 13 anos na industria corticeira e havia sindicato desta classe, onde pelo meio estavam informadores da PIDE) se organizavam para assinalar o 1º de Maio com consequências bem conhecidas pelos da minha geração.
Agora com a passagem ao estado de calamidade, mais se justificaria por exemplo, os peregrinos irem a Fátima. Pequenos grupos representativos das várias Dioceses, respeitando as regras que foram impostas para a manifestação do 1º de Maio. Não pode haver portugueses de primeira e outros de segunda. Os direitos dentro das regras estabelecidas pela DGS e outras autoridades devem ser iguais para todos, sem excepção.