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Colunista do Mês





Por: José Botelheiro



As Origens do Graal

Remontam, segundo textos escritos, ao Povo Celta. Antes mesmo do cristianismo e lembrando para descontrair as histórias de Asterix, a bebida do caldeirão mágico concebida pelo Druida da aldeia dava forças e poderes mágicos aos que a bebiam, bebida essa ou poção, servida num cálice, num graal. Contudo, o que de mais relevante se nos depara, historicamente, na História da Bretanha, ou para sermos mais precisos, segundo o Novo Testamento, relaciona-se com os primeiros tempos do cristianismo. Referem um homem de posses, comerciante, José de Arimateia, personagem que na crucificação de Cristo intercede a seu favor e que terá num cálice aparado as gotas do sangue e água de Jesus, o mesmo cálice que Jesus Cristo teria utilizado na Última Ceia. Ferido Jesus, com uma lança, no flanco, por um soldado romano de nome Longuins, terá sido este mesmo José de Arimateia a transportar essa relíquia, o sangue de Jesus no cálice do Santo Graal, para a Bretanha, dando assim consequência e início ao Cristianismo e às primeiras igrejas em solo britânico.
O que se segue é pura lenda misturada com fantasia, laivos de realidade e acompanhando a História, contos e lendas na literatura medieval. Nos tempos presentes, o poder dos media, cinema, televisão e meios audiovisuais não deixam morrer a história e lendas, antes as renovam com mais imaginada fantasia isenta de rigor e muito sensacionalismo fantasmagórico/cinematográfico com surpreendentes enlaces e alucinantes finais.
Só na Netflix vemos várias séries sobre o Mito do Santo Graal e as Lendas Arturianas. Mas se algumas têm foros de veracidade, como a série Os Vikings, outras como Crudex são uma versão mais que livre e sem regras de autenticidade, porque troca e baralha personagens, deturpa intenções, invertendo o sentido original e pretendido dos seus intervenientes originais. Os cavaleiros da Távola Redonda…
A Demanda do Graal é na Idade Média a demanda da nobreza e a busca da perfeição do género humano em busca da sua identidade, honra e pureza. A ela, Demanda, não serão alheios os códigos de honra e cavalaria da época. Os ideais das cruzadas e os combates aos infiéis assumem particular significado, numa era de trevas, conturbada e difícil.
Heróis Cavaleiros e Monásticos assumem os ideais do Santo Graal a cuja causa se dedicam e entregam. Sacrificam juventude e idade adulta e após estas retiram-se para mosteiros ou conventos onde expiam as suas faltas e se entregam a uma vida pia, de privações e de oração. Casos, por exemplo, do nosso Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira.
O Santo Graal é o pretexto e principal causa da expiação dos pecados e a procura da remissão, do perdão dos pecados e faltas cometidas em vida.
Nos tempos que vivemos a literatura moderna alimenta-se de pseudo segredos e revelações que é suposto emergirem do Vaticano, explorando o filão do Graal e caindo no sensacionalismo fácil, sem evidenciarem respostas e alternativas para o sentido da vida, da paz, fraternidade, solidariedade e dos fins que no início o Santo Graal gerou como forma de purificar e salvar a Humanidade.