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sábado, 7 de novembro de 2015

"Toda a história do rei da bandeirada" e os contornos ligados ao caso do táxi da Freguesia de Esperança/Arronches

A Revista Visão publicou com data de 4 de Novembro um artigo da autoria das jornalistas Sílvia Caneco e Vânia Maia. Artigo que tem como título “Toda a história do rei da bandeirada”. Este seria um de entre os muitos que esta revista tem publicado ao longo da sua existência, só que, para nós, tem uma relevância especial, porque as jornalistas abordam com Florêncio de Almeida, Presidente da Antral, o polémico caso da concessão de licença respeitante ao táxi para prestar serviço na Freguesia de Esperança no Concelho de Arronches. Este é um excerto da longa entrevista

(Florêncio Almeida no programa Prós e Contras da RTP 1)

“A polémica marca a vida de Florêncio de Almeida, presidente da Antral, a maior associação de taxistas. Quando chegou ao cargo tinha um táxi, hoje tem 18, além de ligações a 14 empresas do sector. Construiu o seu império ultrapassando conflitos de interesses e contornando todas as denúncias de ilegalidades. Tem, por exemplo, táxis da província a fazerem concorrência desleal aos da capital. Sem rodeios, assume não viver com a moral: "Vivo com dinheiro para me governar (…)"

Não é arriscado dizer que dentro de Lisboa, e fora dela, todos os motoristas sabem quem ele é.

Mesmo que não simpatizem com a figura ou não lhe suportem o estilo. Aos 71 anos, e depois de 15 anos na ANTRAL, Florêncio também já não é um ilustre desconhecido fora do sector. A contestação à Uber, a aplicação que liga passageiros e motoristas privados, catapultou-o para o horário nobre das TV's. Mas o estrelato é só uma das faces da ascensão do homem da aldeia que se transformou no imperador dos táxis.
A história de Florêncio de Almeida que se descreve como "independente dos táxis e doutor de outras coisas" obriga a acrescentar linhas sobre polémicas, conflitos, acusações, processos em tribunal. Há muito que a expansão do seu património começou a dar nas vistas. E até a levantar suspeitas nos corredores da Polícia Judiciária onde se investiga o crime económico. Florêncio tem apenas uma explicação: "Os que falam, falam com inveja. São todos uns falhados na vida." Quando entrou na ANTRAL, em 2001, tinha apenas um táxi. Hoje é dono de 18: o último foi comprado no Montijo, dias antes da entrevista à VISÃO. E esta é apenas uma parte do seu império.
Florêncio de Almeida é presidente, sócio ou gerente de 14 empresas: a maioria gira à volta da indústria dos táxis. A maior fonte de rendimentos é a Auto Táxis Serra D'Arga. Foi criada em 2003 para fazer transporte ocasional de passageiros e hoje é nela que Florêncio, que é sócio da empresa juntamente com a mulher, concentra a maior parte dos carros que tem ao serviço. Em 2014, a sociedade facturou perto de 924 mil euros e teve lucros de 126 mil euros.
O presidente da ANTRAL tem ainda empresas como a ContinentalBus e a Lisboa Táxis, que fazem transporte de passageiros, ou a MEDIFLOR, consultório médico e de fisioterapia que também oferece aos seus clientes a possibilidade de terem transporte por conta da empresa. A última aposta da família é a Fenetosauto, a oficina criada em 2014 para manutenção e reparação de veículos automóveis. O presidente da ANTRAL aproveita a conversa com a VISÃO para se justificar” sobre a situação da Uber que "O desespero das pessoas é que pode levar à violência, mas não quero isso." Apesar de a ANTRAL ser a associação mais representativa do sector (10 mil viaturas num total de 12 mil), os seus métodos de luta contra a Uber não são consensuais. A F.P.T. tem-se demarcado dos protestos com um argumento recorrente: "Há carros comprados no Interior por meia dúzia de tostões, alguns por responsáveis da ANTRAL, que são postos a circular em Lisboa. Esses também prejudicam tanto ou mais que a própria Uber", afirma o presidente, Carlos Ramos.
"Quando falamos de transporte clandestino, temos de falar de todos os ilegais." A população de Esperança, sujeita ao isolamento de Arronches, em Portalegre, conseguiu com um abaixo-assinado o derradeiro argumento para convencer a autarquia a atribuir uma licença de táxi à aldeia. Quando o primeiro taxista de Esperança resolveu retirar-se e vender a licença, regressou o isolamento. O carro deixou de ser visto no Largo da Igreja, as queixas começaram a chegar e os rumores também: o táxi andava por Lisboa. Os novos proprietários? A Auto Táxis Serra D'Arga, de Florêncio de Almeida. Em Setembro de 2010, a autarquia deliberou a cassação da licença e avisou a empresa da decisão.
No mês seguinte, Florêncio intentou uma acção em tribunal contra o município. "Ainda nos disseram que faziam o mesmo em muitos sítios e ninguém os chateava", revela Fermelinda Carvalho, presidente da Câmara de Arronches”.
O Notícias de Arronches em devido tempo fez eco desta situação que foi amplamente discutida em Reuniões de Câmara. Para saber qual o ponto da situação contactou a Presidente da Câmara Municipal de Arronches que nos disse que “a licença nunca nos foi devolvida por essa empresa, e o Município viu-se na obrigação de atribuir uma nova licença, afim de que a população de Esperança tivesse o serviço de táxi que lhe é devida”, concluiu a autarca.