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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Concerto de órgão e oboé barroco - O sublime entre nós

No passado dia 26 de Outubro, a Igreja Matriz de Arronches acolheu mais um dos concertos do ciclo “Música nas Igrejas – concertos de Órgão”. Um público em número muito significativo pôde assistir ao virtuosismo de dois executantes ímpares, António Esteireiro (órgão), organista residente do Mosteiro dos Jerónimos, e Pedro Castro, mestre em oboé barroco, doutorando na Universidade de Aveiro. Do programa constavam Michelangelo Rossi, Carlos Seixas, Francisco Correa de Arauxo, Carl P. E. Bach (filho do grande mestre), Bernardo Pasquini e Georg P. Telemann, o que significa uma predominância da música do período barroco, nos coloridos das escolas alemã, espanhola, portuguesa e italiana. Havendo uma alternância entre obras para órgão solo e diálogos entre órgão e oboé, começou-se pelo estilo majestoso de Michelangelo Rossi, usando da técnica contrapontística da fuga, a que António Esteireiro juntou os contrastes forte/piano que os registos do órgão autorizam. 
De Carlos Seixas ouviu-se a sonata em Dó menor nº 18, em que o adagio (depois de um allegro de dinâmica corrida) dominou pela serenidade extrema, particularidade que aproxima a escola italiana (em que se formou) da escola alemã. Já Arauxo marcou pelo tom austero e lento, enquanto Emanuel Bach deliciou em especial pelo adagio inicial, momento de euforia contida do oboé a que o órgão deu resposta sóbria (no vivace notou-se a presença imprescindível do órgão a sustentar as subtilezas do oboé).
Bernardo Pasquini marcou novamente pela modulação apoteótica, majestática e pelos contrastes de dinâmica e linha melódica que as suas “Variazioni capricciose” permitem – foi aí que Esteireiro elevou a fasquia do seu virtuosismo, mantendo, contudo, a sobriedade que o caracteriza. Finalmente, Telemann, com o seu Trio em Dó menor nº 12, aproximou-nos de Seixas e de Emanuel Bach, pontificando pela mestria do largo inicial (em que o diálogo órgão/oboé foi delicioso) e pelo mesto ao estilo de largo, num andamento lento e delicadíssimo.
Nos últimos anos, este terá sido um dos mais brilhantes concertos para órgão e instrumento de sopro a que se assistiu em Arronches. No final, a paróquia agradeceu a presença dos músicos e a sra. Presidente do Município, Eng. Fermelinda Carvalho, reiterou a presença da grande música em Arronches e acariciou os músicos com as suas palavras e uma lembrança da sua presença no concelho. Texto e fotos|António Pascoal