Click na Imagem

terça-feira, 9 de junho de 2020

Forcados portugueses entregam à Ministra da Cultura um livro e reivindicam a tauromaquia como cultura

Quisemos amadurecer este facto, para sobre ele emitir a nossa opinião com o fundamento de alguém que conhece bem os meandros da tauromaquia, no positivo e também no negativo.



(Ministra Graça Fonseca recebe o livro sobre o Campo Pequeno)
Ontem (8 de Junho) em Elvas, foi entregue um livro à Ministra da Cultura, Graça Fonseca sobre a tauromaquia, pelo Cabo do GFAA Elvas, representando todos os grupos a nível Nacional.
“Vertente esta que tem sido esquecido pela mesma. E num acto de manifestação, mas com civismo e educação, marcaram presença algumas dezenas de forcados, GFA Évora, Ap. Moita, GFA Arronches, GFAA Elvas e GFA Monforte, a Dª Helena Nabeiro, o empresário Luís Pires dos Santos e aficionados, para que a Ministra não se esqueça que os valores que a tauromaquia enaltece não são só os que estão ligados às questões monetárias, mas também os que são movidos por sentimentos de paixão e afición por esta tão nobre arte.
Também o forcado amador, que não depende da festa profissionalmente e que dá o corpo ao manifesto, num acto de valentia e classe, se manifesta contra esta discriminação.
A tauromaquia também é Cultura, e merece ser respeitada como tal. Não só pela beleza artística desta, mas também pelos bons princípios e valores que transmite”. Acrescento eu, que era seu dever dar mais atenção quando lhe foi oferecido o livro, sobre o Campo Pequeno e não acelerar o passo, porque a educação é um dos pilares das pessoas cultas.
Sobre este assunto há muito que tenho um juízo de uma reforma que a tauromaquia portuguesa necessita. Este é um sector da cultura e da nossa tradição que nos seus primórdios em especial o toureio a cavalo, era uma actividade desenvolvida por artistas vindos em primeiro da nobreza, logo com os meios suficientes, sendo que só passadas muitas décadas, aparecem no toureio a cavalo, personagens vindos doutras classes sociais. 
( Os elementos dos Grupos que estiveram em Elvas)
Os forcados em Portugal aparecem nos seus inícios como um recurso de aumentar o pecúlio para manterem as suas famílias denominando-se mesmo como profissionais (exemplo: Adelino de Carvalho), em especial os situados em Alcochete, a viverem do rio ou salinas e que a pegar touros amealhavam graças à sua valentia mais alguns tostões, como os de Montijo ou Moita, os quais por vezes se fundiam para cumprir com as touradas onde actuavam. Não seriam profissionais na verdadeira acepção do termo mas, era essa a sua finalidade. Dediquei sobre esta matéria alguns artigos na revista N.B.
Mais tarde com o aparecimento de grupos como Santarém, Montemor, Lisboa ou Évora, muda o paradigma e aparece o forcado amador baseado nos pressupostos da valentia, camaradagem, respeito e princípios em que primeiro está o Homem e logo o Forcado.
No entanto a nossa tauromaquia existiu sempre em que cada um cuidava do ‘seu quintal’, dos seus interesses à excepção dos bandarilheiros que unidos pelo Maestro Diamantino Viseu e o Fundo de Assistência do Sindicato dos Toureiros, lhes garantia apoios que iam até aos livros para os seus filhos.
Desapareceram os empresários tradicionais e chegaram novos personagens a dirigirem praças e apoderamentos. Alguns vieram à procura de protagonismo, gastaram o seu dinheiro e não voltaram mais. Os que ficaram e que juntavam praças e apoderamentos, actuavam como se fosse uma troca de ‘cromos’, ou seja o meu vai à tua praça que depois eu coloco o teu.
Passou o tempo das vagas gordas, chegou a ‘língua azul’, a crise económica e as praças começaram a ficar com raras excepções com muito cimento das bancadas à mostra. Os toureiros (cavaleiros e novilheiros/matadores), viram nem sempre as suas remunerações acordadas serem cumpridas, o que passou também aos forcados com o substancial aparecimento de cada vez mais grupos, em que só faltava pagarem para poderem pegar uma tourada. Abro aqui um parêntesis para recordar que, os forcados nunca foram valorizados como o papel primordial que têm na Festas dos Touros em Portugal. Não se entendem uma tourada sem forcados. Esta é a sua verdadeira força que generosamente, nunca quiseram, ou souberam, aproveitar em seu benefício.
Com a Pró-Toiro, a coisa começou a ter outra dimensão no sentido de que o sector tauromáquico em Portugal passava a falar a uma só voz, aglutinando se possível empresários, toureiros, forcados e ganadeiros, o que seria o ideal. Para isso basta olhar para a nossa vizinha Espanha e ver os resultados quando se uniram através da ‘Fundação Toro de Lide’. 
(Manuel Alegre a voz do PS na defesa da cultura e tradições)
Em Portugal é preciso fazer ver a partidos como o PS que na sua essência sempre defendeu a tauromaquia e as tradições e hoje está dividido nesse aspecto, pelas ‘santas alianças’ que tem que fazer com partidos mais à esquerda e anti-taurinos declarados.
A Ministra Graça Fonseca tem que compreender que a tauromaquia está no Ministério da Cultura, que a tauromaquia para além desse estatuto tem um papel muito importante no número de empregos que gera, directos e indirectos. A Senhora Ministra tem que saber que há muitas famílias cujo rendimento provem da sua actividade e que é ministra de todos os sectores da cultura sem discriminação, goste ela mais ou menos da tauromaquia. Tem que ser justa nas medidas e coerente nos apoios, seja ao teatro, cinema, pintura mas, sempre sem esquecer o espectáculo de que não gosta mas há uma grande percentagem de portugueses que gostam ou, pelo menos, não são contra. Para além deste aspecto seria bom que a Ministra Graça Fonseca soubesse (parece que os que vivem nas grandes urbes não sabem) que a criação do touro de lide contribui para um grande equilíbrio no ecossistema nos muitos hectares de propriedades na península ibérica, sem o qual há muito que tinham desaparecido fauna e flora. Para isso é necessário sair do Terreiro do Paço e ir ao campo; reunir-se e saber escutar todo o sector; saber o contributo para a economia no sector da restauração, hotelaria e impostos liquidados com esse excessivo IVA, diferenciado dos outros sectores da cultura.(Fotos-D.R. e Toureio.pt)